Notícia 2021

Laboratório do IQ/UFG e Petrobras criam método inédito de análise do petróleo em rochas de reservatórios

Técnica inovadora tem grandes implicações para o setor e visa aumentar o aproveitamento das reservas

Carolina Melo

Em um reservatório de petróleo, em média, 30% do combustível fóssil é recuperado a partir das tecnologias atuais mais avançadas. A maior parte fica retida nos poros das rochas do reservatório. Uma descoberta de pesquisadores da UFG e da Petrobras visa aumentar esse índice. Trata-se de um método inédito de avaliar com maior exatidão a interação que ocorre entre a rocha e o petróleo. A técnica faz o mapeamento dos compostos orgânicos do óleo aderidos às rochas. A inovação já teve o pedido de patente solicitado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e no escritório de patentes e marcas dos Estados Unidos, o United States Patent and Trademark Office (USPTO). 

LACEM 2021

Equipe de pesquisadores no laboratório do LaCEM UFG

 

Conforme explica o professor e coordenador da pesquisa na UFG, Boniek Gontijo, as substâncias presentes no petróleo aderem às superfícies das rochas carbonáticas e arenitos por interações químicas, o que dificulta a sua remoção. Nesse sentido, entender as interações entre o fluido e a rocha é necessário para aumentar a recuperação do petróleo e otimizar o aproveitamento da reserva. O método desenvolvido pela Universidade em parceria com a Petrobras caminha nessa direção e permite determinar diretamente a distribuição espacial de compostos orgânicos nas rochas reservatórios. “Com essa metodologia, pode-se entender, via análise química, o processo de interação dos fluidos com a parte mineral. Com isso, é possível desenhar soluções tecnológicas para aumentar a recuperação do petróleo”, afirma o professor.

A descoberta idealizada pelos pesquisadores utiliza a técnica de espectrometria de massas para identificar os milhares de compostos químicos presentes no petróleo do reservatório. Com o novo método, os pesquisadores conseguem avaliar a distribuição espacial dos compostos orgânicos diretamente da superfície da rocha reservatório. “O estudo fornece uma ferramenta inédita que permite altíssima precisão ao avaliar a interação entre os constituintes do petróleo e a rocha geradora. E vai alavancar pesquisas na área com impacto direto no aumento do fator de recuperação”, afirma Boniek. 

Segundo o pesquisador da Petrobras, Iris Medeiros, o mapeamento dos compostos numa superfície de rocha era até então desconhecido. “A gente considera esse método um marco no sentido de entender melhor como ocorre a aderência do petróleo às rochas. Isso é o início para conseguirmos informações importantes, de forma a planejar e desenvolver uma engenharia que consiga melhorar a recuperação do óleo no reservatório”. Professor Boniek Gontijo ressalta o impacto do método na cadeia de valor do óleo e do gás. “Entendendo a química que ocorre entre as substâncias presentes no petróleo com a rocha reservatório e identificando as substâncias em pequena escala, torna-se possível desenvolver novos produtos químicos a serem injetados no poço para aumentar a recuperação do petróleo”. O que se espera, segundo o pesquisador, é diminuir a interação entre o petróleo e a rocha e, com isso, fazer o óleo fluir para fora do reservatório.

Ambientes aquáticos

As técnicas de espectrometria de massas utilizadas pelo novo protocolo criado pela UFG e pela Petrobras - a DESI (desorption electrospray ionization) e a LAESI (laser ablation electrospray ionization) - podem ser aplicadas na análise de rochas provenientes de experimentos de recuperação de petróleo em pequena e em larga escala. E também podem ser aplicadas nas superfícies de minerais oriundos de ambientes aquáticos.

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Para se ter noção do impacto da descoberta, assim como afirma professor Boniek Gontijo, as reservas da camada de pré-sal, por exemplo, indicam “volumes prováveis de 125 a 146 bilhões de barris de óleo”. Entretanto, o volume de óleo recuperável, que é efetivamente extraído dos reservatórios, é “algo em torno de 37,5 a 43,8 bilhões de barris”. De acordo com Boniek, qualquer incremento no fator de recuperação significa um imenso quantitativo de petróleo produzido. “Um incremento de 10% no fator de recuperação é capaz de aumentar o quantitativo de óleo recuperável em 10 bilhões de barris, uma verdadeira fortuna”, afirma.

O estudo foi conduzido pelo Laboratório de Cromatografia e Espectrometria de Massas (LaCEM) do Instituto de Química (IQ) da UFG e pelo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras. Além do professor Boniek Gontijo e do pesquisador do Cenpes, Iris Medeiros, integram a equipe os pesquisadores da UFG, Igor Pereira, Gesiane Lima e Ruver Rodrigues Feitosa.

Fonte: SECOM UFG

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